No mundo globalizado de hoje é difícil encontrarmos lugares ainda totalmente autênticos e originais. Em Belize no geral isso não é diferente. É um dos poucos países do Caribe que, além de praias paradisíacas, possui o inglês como língua oficial, o que acaba por atrair centenas de europeus e americanos em busca de férias e badalação.
Mas ainda há esperança. Caye Calker ainda é um refugio perdido em meio ao burburinho, com ruas de areia e seus piers de madeira, o tempero local e as casinhas coloridas rodeada de grandes coqueiros que guardam a alma caribenha e o ritmo descompassado de um típico paraíso tropical.
A ilha é minúscula, podendo ser percorrida a pé em 2 horas no máximo. As lojas e restaurantes locais ainda são maioria e os únicos veículos que trafegam na ilha são carrinhos de golfe e bicicletas.
Caye Calker é rodeada por manguezais e praias cobertas de plantas marinhas, o que não a torna muito atrativa para os banhistas.
A única praia da ilha foi formada na década de 60 pelo Furacão Hattie que cortou a ilha ao meio, criando a praia conhecida como “The Split”, onde fica o maior bar da ilha, lugar do agito de fim de tarde, com músicas, bebidas e um belo por do sol.
O mergulho é uma das atividades mais praticadas por aqui, pois sua localização torna a navegação mais curta e tranquila em direção aos mais famosos pontos de mergulho de Belize: os arrecifes de coral e o famoso Blue Hole.
Tive a oportunidade de passar quase 10 dias nesse pico perdido e usufruir dessa maravilhosa ilhota, que serviu de base para a exploração dos pontos de mergulho da região além de possuir 2 fantásticas cavernas marinhas.
Para chegar na ilha temos várias opções: barcos saem regularmente de Belize City em direção à Caye Caulker e San Pedro. Se você chegar de avião na principal cidade do país, não perca tempo, pegue um táxi para o terminal de barcos e embarque direto para o paraíso.
Se você está descendo do México para Belize, a opção é pegar um barco em Chetumal rumo a San Pedro e de lá trocar de barco para Caye Caulker. Duas empresas fazem esta viagem a partir do México, em dias alternados.
A história recente de Caye Caulker começou com os refugiados das guerras mexicanas de Caste. O “caye” foi comprado formalmente por Luciano Reyes em torno de 1870. Os terrenos foram vendidos a seis ou sete famílias. A maioria dos descendentes ainda vivem na ilha e sua influência é ainda muito acentuada.
Com poucos habitantes, os produtos alimentícios provêm principalmente da agricultura local. O coco e a indústria piscatória transformaram-se em espaços econômicos importantes na ilha. Mesmo atualmente algumas das mulheres mais velhas continuam a processar o óleo de coco para uso próprio e para o comércio, embora geralmente a maior parte seja colhida e enviada para o continente.
As grandes empresas relacionadas com a captura da lagosta apareceram na década de 1920, e a armadilha da lagosta foi introduzida no “caye” pelo capitão Canadiano.
Devido ao seu grande sucesso, relacionado com as técnicas de captura, a cooperativa nesta ilha foi um modelo para as outras ilhas de Belize.
Outro ponto muito importante em relação à ilha de Caye Caulker é a tradição dos seus estaleiros na construção de embarcações.
O terminal e o museu marinho de Belize têm uma exibição excelente sobre as embarcações de Caye Caulker, das suas ferramentas, e dos barcos que construíram ao longo destes anos.
A pesca continua a ser uma indústria importante, mas o turismo transformou-se gradualmente no principal gerador de receitas da ilha.
Desde os anos 60 e os anos 70, quando um pequeno grupo de hippies encontrou na ilha um refúgio, o turismo tem crescido todos os anos. Muitos ilhéus agora trabalham também em restaurantes, hotéis e outros negócios.
Apesar do crescimento do turismo, Caye Caulker permanece como uma vila pequena com um sabor cultural distinto, não encontrado no turismo regular do Caribe.
Embora pequena, as possibilidades de hospedagem são variadas. Vão desde o Resort Iguana Reef, mais chique e badalado, mas ainda pequeno e aconchegante, a opções mais simples, como o Plaza Hotel localizado no centro da ilha e que oferece hospedagem com internet, quartos limpos e confortáveis a um preço bem justo.
As opções de comida também são variadas, mas não deixe de comer no restaurante Italiano o El Pelicano, próximo a operadora de mergulho Belize Diving Services. Com certeza será muito bem atendido e degustará uma das melhores culinárias da ilha.
Para um lanche ou refeição rápida, experimente o fast food chinês ao lado do Hotel Plaza. Com 10 dólares você come muito bem.
Sobre os Mergulhos:
O Blue Hole
Saindo diretamente do pier da operadora Belize Diving Services, partimos em direção ao Blue Hole, um enorme buraco, profundo, escuro, frio e infestado de tubarões. A operadora conta com toda infra de recarga para Trimix, Nitrox, embarcações especiais para mergulho, com muito conforto e almoço abordo, não deixando nada a desejar para um leave aboard.
A ilha é a base mais estratégica para quem deseja encarar o desafio de mergulhar no mundialmente famoso Blue Hole (“buraco azul”). No centro do Lighthouse Reef, o buraco de 300 metros de diâmetro e 130 de profundidade forma uma circunferência de um azul intenso contornado por uma fina linha verde esmeralda.
A imagem dessa maravilha cuja origem é incerta – cientistas especulam que pode ter sido formado quando o teto de uma enorme caverna ruiu, há muitos milhares de anos – é o maior cartão postal de Belize e também o sonho de todo mergulhador.
Nosso mergulho no Blue Hole foi fantástico. A galera estava dividida em dois times tec, um primeiro time que iria executar um mergulho profundo batendo nos 105 metros de profundidade e outro time que iria parar nos 60 metros.
A área de interesse começa nos 45 metros de profundidade, onde ficam as enormes formações com estalactites enormes que tornaram o Blue Hole tão famoso, após sua exploração por Jacques Cousteau.
Mesmo com uma visibilidade restrita, em torno de 20m, conseguimos ter uma ideia da grandiosidade do lugar, que possui 300m de diâmetro e 124m de profundidade. Mergulhamos quase em toda sua extensão, e durante o mergulho fomos acompanhados o tempo todo por enormes tubarões de recife.
Além dos tubarões não existe muita vida, mas o que impressiona mesmo é o cenário e a história geológica do lugar.
Outro ponto impressionante é Half Moon Wall, um dos mergulhos mais legais da ilha! A parede é maravilhosa, coberta de corais coloridos, muitos peixinhos, tartarugas, cavernas e pequenos cânions para explorar.
Não bastasse tudo isso, o pico também é recheado de tubarões caribenhos de recife, lixas, pontas negras patrulhando o azul, e outras tantas espécies que por ali circulam.
Para nossa surpresa, ao final de um dos mergulhos, encontramos a 20 metros de profundidade uma carcaça de crocodilo de agua salgada (comum na região). Os restos mortais do animal que devia ter quase dois metros estavam bem frescos e com sinais de que o banquete havia terminado apenas poucos instantes antes de nossa chegada. Ficamos imaginando o tamanho do tubarão que fez aquele estrago…
São essas e outras tantas surpresas e aventuras que tornam essa ilha única. Com certeza voltarei para explorar e mergulhar muito mais nessas águas azuis e cheias de mistério !!!