Texto e fotos: Kadu Pinheiro

Malpelo é um arquipélago rochoso formado pela ilha de Malpelo e onze penhascos isolados no Pacífico colombiano, considerado um santuário de fauna e flora, localizado a 506 quilômetros ao oeste de Buenaventura. com suas encostas nuas e salpicadas de branco pelas colônias de ninhos do pássaro piquero mascarado azul, definem o aspecto da ilha, em cujas águas circundantes, a abundância e diversidade de espécies marinhas são verdadeiramente espantosas.

Por tratar-se de uma ilha oceânica separada do continente, Malpelo é um laboratório vivo, ideal para as pesquisas científicas, e também para atividades relacionadas ao turismo de aventura, tanto terrestre como submarino, entre as que se destacam o mergulho, a observação de aves e a fotografia.

Partindo de São Paulo rumo a Bogotá, é necessário passar uma noite na capital Colombiana, e no dia seguinte embarcar em um voo doméstico até Guapi com escala em Cali.

Após algumas horas de voo, aterrizamos em meio a selva, na pequena cidade portuária de Guapi, a população é bem diferente do que vimos em Bogotá, em sua grande maioria de etnia negra, o povo local é animado e gentil, mas a pobreza é latente, nos sentimos num filme vintage de expedições a selva amazônica, o aeroporto controlado por militares é minúsculo e intimidador, o calor e a umidade já se fazem presentes no instante do desembarque, após as formalidades, fomos de taxi motocicleta, (uma espécie de triciclo adaptado que pode levar até 3 passageiros e suas bagagens amarradas na parte traseira), uma verdadeira aventura off-road por meio as esburacadas ruas de Guapi, até o “escritório” da Aviatur onde aguardamos nosso barco para Gorgona, tivemos algumas horas para andar pela cidade e observar a cultura local e o modo de vida da população, de volta ao caís o barco nos aguardava, uma lancha rápida fechada de fibra de vidro, a navegação foi bem sofrida pois a lancha bate muito, os bancos são de plástico e o capitão “desce o manete”, depois de 2 horas, e com as costas moídas chegamos em Gorgona:

Gorgona 

Um verdadeiro éden de biodiversidade, bem como um lugar de valor inestimável para a pesquisa científica. Localizada no Oceano Pacífico, traz uma triste lembrança de seu passado recente por ter sido uma prisão de segurança máxima na década de 1970 até meados de 1982, um capítulo triste e cruel de sua história, onde as lembranças e marcas do sofrimento dos que ali cumpriram pena está estampada nas ruínas do presídio e nos relatos assustadores dos guias, em 1985 foi declarada parque estadual, e hoje em dia a natureza se encarregou de quebrar e purificar o clima desolador da ilha

Em Gorgona podem se encontrar espécies típicas da selva tropical como macacos, serpentes e lagartos que são abundantes por toda a ilha, a primeira recomendação é não andar sozinho pelas trilhas, seguir sempre as marcações, usar botas de borracha (fornecidas pelo pessoal do parque) e carregar uma lanterna para se locomover dos alojamentos até o refeitório e as outras dependências durante a noite.

A ilha possui uma estação de pesquisa permanente, possuí também um dive center bem equipado com instrutores e guias que conhecem bem a região, não é permitido acampar devido a presença de cobras venenosas, o centro de visitantes Humantatay tem capacidade para 83 pessoas e disponibilidade de 16 quartos, o conforto é mínimo, camas rustícas, ventiladores e aquecimento solar, tudo muito bem cuidado e bem limpo, o espírito é a aventura, um lugar para esquecer da civilização e ser esquecido, telefones e internet somente na administração do parque e em casos de emergência, é tudo via satélite e restrito ao pessoal de pesquisa e operacional.

Gorgona não é somente um paraíso para os cientistas que chegam para estuda-lá, na ilha muitas das espécies são únicas no mundo. Os aventureiros e amantes da natureza encontram em Gorgona uma grande variedade de atividades: caminhadas guiadas para estudos ecológicos, sua flora e fauna são exuberantes, praias desertas e paradisíacas, há vestígios arqueológicos como pinturas rupestres, ruínas históricas, e além é claro do  snorkeling e do mergulho autônomo.

É uma ilha oceânica, com uma área de 24 quilômetros quadrados, é um importante ecossistema marinho e insular, rica em correntes de água doce. Ao sudoeste está a lagoa Tunapuri, de uns cinco mil metros quadrados de superfície é uma reserva que conta com 49.200 hectares, inclui a Ilha de Gorgona, três ilhotas e o setor marinho circundante.

  • Os meses de maior precipitação são setembro e outubro. A menor se apresenta em fevereiro e março. Não se pode considerar nenhuma época seca.
  • A umidade relativa é de 90%.
  • A temperatura média é de 27º C.
  • A ilha está 85% coberta por selva tropical espessa.
  • Se identificaram quarenta famílias botânicas. Destacam-se árvores como o carvalho, o loureiro e o coqueiro.
  • A fauna é rica em répteis de grande variedade, tartarugas marinhas.
  • Há diversidade de espécies marinhas: golfinhos, tubarões, cachalotes e baleias jubartes.
  • Os corais são a base da riqueza biológica marinha.
  • Descoberta por Diego de Almagro para 1527. Francisco Pizarro lhe deu o nome de Gorgona pela grande quantidade de serpentes venenosas que abrigava.
  • Colômbia em 1959 adquiriu direitos sobre a ilha e estabeleceu uma colônia penal que funcionou até 1982, quando se decidiu proteger a ilha.
  • Declarada Parque Nacional em 1985.

Acesso

  • A partir de Guapi em lanchas da aviatur com capacidade para dez passageiros.

Lugares e caminhos a visitar

  • Museu do Antigo Penal: aí se conservam os elementos que foram empregados pelos prisioneiros durante o tempo em que a ilha foi ocupada com esse propósito. Encontra-se localizado próximo aos alojamentos.
  • Caminhada à Praia Palmeiras: percurso de duas horas aproximadamente entre as praias Sulforadas, Piedra Redonda e Palmeiras.
  • Centro interativo e de Interpretação ambiental.
  • Caminho de El Pan: percurso que conduz do povoado ao Centro Interativo e ao Museu Arqueológico.
  • Yundigua: é um aquário natural onde se pode praticar snorkeling ou mergulho.
  • El Planchón, El Viudo, Las Montañitas I e II, El horno e La Tiburonera são os principais pontos para praticar mergulho autônomo.

Os mergulhos em Gorgona

Com a tarde livre na ilha aproveitamos para mergulhar em um ponto chamado La Tiburonera, um ponto muito interessante repleto de tubarões galhas brancas de recife, durante todo o mergulho escutamos o canto das baleias jubarte, chegando a sentir suas vibrações em baixo da agua, emocionante, as baleias podem ser avistadas em grande quantidade durante essa época do ano (Agosto e Setembro), grandes cardumes e uma vida bem ativa, a visibilidade não é das melhores, a agua é meio esverdeada mas chega aos 10 metros, fortes correntes são constantes nesse ponto.

Após uma merecida noite de sono, usamos a manhã livre para explorar a ilha, fomos as ruínas do presídio e percorremos uma trilha em meio a selva procurando criaturas interessantes para fotografar, após o almoço o nossa carona rumo a Malpelo aportou em Gorgona, para nos pegar e abastecer o estoque de agua doce, conhecemos nossos companheiros de viagem, quatro Colombianos uma Hungara e um Holandes e a tripulação do Nemo um catamarã de 82 pés de comprimento com 32 pés de largura (boca), possui:

  • Lounge
  • Sala de jantar
  • 8 cabines duplas (duas de casal) com banheiro privativo e água quente
  • 110 e 220 Volts
  • Piloto automático, Rádio, GPS e Radar
  • CD, Radio e Toca Fitas
  • Total de mergulhadores embarcados: 12
  • 2 Zodiacs e 2 caiaques

Após 26 horas de navegação, comendo e dormindo ao balanço do mar, avistamos Malpelo, uma rocha no meio do oceano, que lembra o rosto de um indígena deitado sobre o mar, com uma nuvem acima da ilha e raios de sol iluminando sua encosta, a visão foi mágica e especial, nos equipamos, pois ainda restavam algumas horas de luz de sol e pelo menos um mergulho teríamos de fazer para tirar a “zica da navegação”, zodiac na agua galera equipada, câmeras em punho e agua !!!

“El Arrecife”, Cardumes de barracudas, garoupas marmoradas, martelos passando ao longe, para um primeiro mergulho de fim de tarde estava ótimo,  dia seguinte marcado por grandes encontros, tubarões baleia, silkys, martelos, cardumes e cardumes, correnteza moderada e agua bem clara, mergulhos imperdíveis em Malpelo são: “La Catedral”, Porta del Cielo, “Parede del Fantasma”, El Freezer”, “Vagamares”, “Parede del Naufrago”, e se estiver disposto a correr um pouco de risco e seu grupo for de mergulhadores experientes, “Bajo del Monstro” a 60 metros de profundidade onde pode-se mergulhar com o tubarão monstro de Malpelo, ou tubarão de 6 guelras, que costuma frequentar aguas muito mias profundas, mas nesse ponto pode ser encontrado em aguas mais “rasas”.

Malpelo Características

O Santuário é formado pela ilha principal e por mais onze penhascos que afloram ao redor, devido a sua biodiversidade marinha, a UNESCO declarou a área como Patrimônio Natural da Humanidade em 2006, considerado entre os top 5 lugares do mundo para mergulhar.

Acesso

As embarcações, tanto nacionais como estrangeiras, devem solicitar permissão a direção dos parques marinhos em Bogotá, para ir a Malpelo. a partir de gorgona o tempo aproximado de navegação é de vinte e cinco horas.

Por seu isolamento do continente, Malpelo apresenta espécies endêmicas como o caranguejo terrestre e o geko. Igualmente, Malpelo é a maior colônia de aves da espécie piquero mascarado ou alcatraz de Malpelo. A fauna de peixes é especialmente rica e diversa, destacando-se a abundância de tubarões martelo, tubarões silky, o tubarão baleia, que pode chegar a um comprimento de quinze metros, arraias jamantas, Xitas e nariz de vaca são comuns também. cardumes de extraordinária dimensão de pargos, meros, chernes, atuns e barracudas são vistos em quase todos os mergulhos.

Na ilha existe um posto avançado da marinha colombiana, o desembarque em terra não é possível normalmente, fizemos um giro rápido de zodiac no entorno da ilha e pudemos verificar a quantidade enorme de aves que usam a ilha para fazer seus ninhos, pequenas cavernas são outra atração, e exigem habilidade do barqueiro para entrar e sair sem grandes problemas.

Retornando a Bogotá,

Além de ser uma cidade muito bonita, com uma gastronomia variada, não deixe de conhecer o quarteirão rosa, local com diversos restaurantes, bares e Pubs, onde o agito vai até altas horas todos os dias da semana.

Ciceroneados por nosso amigo e guia em Malpelo o Instrutor Jorge Herreras ainda visitamos a “Fundación Malpelo Y Otros Ecosistemas Marinhos” e conversamos com Stanislas Teillaud um francês que é o atual coordenador de projetos da Fundação, uma entidade não governamental de caracter ambiental criada em 1999 com o intuito de preservar e pesquisar os ambientes marinhos da Colombia, possuem diversos projetos de pesquisa e monitoramento de tubarões em conjunto com os governos do Panamá, Equador e Costa Rica, fazendo um estudo sobre migração entre as ilhas Galápagos, Coiba, Malpelo, Gorgona e Cocos, estabelecendo um importante estudo com tageamento de espécies e estudos mais aprofundados, este é apenas um dentre tantos outros projetos em parceria com diversos orgãos mundiais na luta pela preservação do ambiente marinho e repressão a pesca ilegal de barbatanas de tubarão. 

Para maiores informações sobre o trabalho da Fundação consulte: www.fundacionmalpelo.org

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