Falar dessa ilha sem começar pela história de Cristina Zenato a encantadora de tubarões, seria um verdadeiro sacrilégio para quem ama o mergulho.
Vamos contar um pouco da história de uma das lendas do mergulho que mora e trabalha nesse paraíso do mergulho mundial, e aproveitar também para mostrar um pouco do que é o mergulho na ilha de Grand Bahama ou Freeport, uma das maiores e mais populosas do arquipélago das Bahamas
Nascida na Itália, Cristina, hoje com 42 anos, cresceu nas florestas do Congo e, desde os 20 e poucos anos é instrutora de mergulho nas Bahamas. Suas credenciais incluem ser uma PADI Course Director, NSS-CDS Full Cave Instructor, e TDI Extended Range além de ser Instrutora de Advanced Nitrox e Decompression Procedures.
Mas a paixão pelos tubarões veio de bem antes. “Comecei a nadar com eles aos oito anos de idade. Tive a sorte de ter um pai e uma mãe apaixonados pelo oceano.”, conta ela.
Cristina fala cinco idiomas, Italiano, Inglês, Alemão, Francês e Espanhol. Quando não está trabalhando com seus tubarões, ela geralmente pode ser encontrada fazendo mergulho livre ou explorando novos sistemas de cavernas. Ela é a primeira mulher a ter ligado um sistema de caverna de água doce com o oceano.
Atualmente, é embaixadora e ativista na luta contra a pesca predatória de tubarões no mundo todo.
“É impressionante ver que os países menores, mais pobres e com uma relação maior com o oceano, proibiram totalmente a importação e exportação de barbatanas e produtos derivados de tubarões”, diz ela, que luta para que países desenvolvidos adotem medidas semelhantes.
“Eles são parte fundamentais no equilíbrio dos oceanos e da cadeia alimentar, mas são muito mais vulneráveis do que outros animais porque atingem a maturidade sexual bem mais tarde, tem poucos filhotes e se reproduzem mais lentamente do que outras espécies”, diz ela.
Cristina diz que os tubarões são hoje uma parte considerável de sua vida, e são quase como membros da família.
Ela presta consultoria a aquários e programas educacionais além de trabalhar como gerente da operação de mergulho da UNEXSO, uma das maiores e mais tradicionais operadoras de mergulho das Bahamas localizada na ilha de Grand Bahama.
E foi ela que nos recepcionou e acompanhou durante os dois mergulhos que fizemos com a UNEXSO, pela manhã o naufrágio do Theo e à tarde o Shark Feeding, dois dos mais memoráveis mergulhos que você pode realizar em Grand Bahama. A operação e a estrutura são impecáveis, e todos foram muito amáveis e cuidadosos com nossos grupo formado de instrutores e mídia convidados a conhecer um pouco das belezas naturais da ilha.
Cristina foi acompanhada pela instrutora e também Shark Feeder Sarah Barrett, que cuidou da segurança de todos além de filmar os mergulhos da galera.
Ela aprendeu a alimentar tubarões com seu mentor, o lendário Ben Rose. De lá, passou a participar de programas de pesquisa de tubarões em todo o mundo. Ela viajou e encontrou cientistas e manipuladores nas Bahamas, África do Sul, Fiji, Rhode Island, Califórnia, Flórida, Carolina do Norte, China e México. Naturalmente, todo isso talento despertou a atenção de cineastas, documentaristas e produtores de televisão em todo o mundo tendo sido destaque na BBC, Discovery, Nat Geo e programas de ciência e natureza em toda a Europa, Ásia e Estados Unidos, bem como destaque em várias revistas de mergulho em todo o mundo.
A ilha de Grand Bahama é um dos 32 distritos pertencentes às Bahamas. E sua localização é ao norte da capital do arquipélago, Nassau. Neste local os mergulhadores tem à sua disposição uma grande variedade de pontos de mergulho compostos por recifes, paredes, passagens subaquáticas, afloramentos rochosos, navios naufragados, cavernas, blue holes e estações de limpeza. As profundidades variam entre os 6 e 35 metros, atendendo mergulhadores de todos os níveis de experiência.
Cristina Zenato ganhou o apelido de encantadora de tubarões, devido a uma técnica que usa para “adormecer” os predadores chamada de Imobilização Tônica. Com essa técnica, os tubarões chegam a ficar de ponta cabeça sobre a palma da mão de Cristina em um estado de transe induzido.
A técnica consiste em esfregar suavemente com a mão em cima das pequenas aberturas localizadas ao redor de sua boca e nariz, conhecidas como ampolas de Lorenzini, com isso ela induz os animais a um estado de paralisia, no qual eles podem ficar por até 15 minutos completamente imobilizados, em um transe profundo.
“Aprendi a técnica por acidente”, nos contou ela. “Os tubarões vinham alto em direção ao meu rosto e eu os tocava para empurrá-los para baixo, mas os tubarões paravam de nadar e entravam em uma espécie de transe Foi um comportamento que nos maravilhou e que não podíamos explicar”. Ela diz que aprimorou a técnica ao longo dos anos, até alcançar os resultados que observamos hoje.
Observar a maneira com a qual Cristina manipula e interage com os animais é extremamente emocionante, e nos faz parar para pensar o quanto é possível criar um elo ou um vínculo com esses animais tão maravilhosos que em outras épocas eram vistos como bestas selvagens e assassinas.
Apesar de já ter mergulhado em outras operações de shark feeding (alimentação de tubarões) antes em outras partes do mundo, nas Bahamas os tubarões são em maior quantidade, as vezes quase 50 ao seu redor, e ficam muito mais próximos e parecem estar acostumados com a presença de mergulhadores, mesmo em situações de mergulho sem alimentação ou uso de iscas, eles perderam a timidez e o medo e passam bem perto dos mergulhadores.
Pontos de mergulho em destaque:
Theo’s Wreck
Este é um naufrágio com 70 metros de comprimento propositalmente afundado no dia 16 de outubro de 1982 pela UNEXSO. Está agora virado para bombordo perto de alguns bancos de corais, e está sinalizado por duas bóias permanentes. O local tem boa visibilidade, correntes leves e é alcançado por barco, sendo considerado um dos melhores naufrágios das Bahamas. A penetração em seu interior é relativamente simples tendo grandes porões e vários buracos em todas as áreas do navio, a parte mais interessante fica por conta da casa de máquinas e cabine de comando do barco.
Shark Junction
Ponto onde normalmente é feito o mergulho de shark feeding, excelente visibilidade e profundidade máxima de 14 metros, esse ponto é perfeito para a alimentação e está sempre infestado de tubarões de recife e enormes garoupas.
A temperatura da água pode variar entre os 22º C e os 28º C durante todo o ano, e uma roupa de 3 ou 5mm é indicada
Visibilidade entre 20 e 40 metros.
Clima: Semi-tropical. A temperatura ronda os 21º C e os 24º C durante o Inverno e os 25º C e os 29º C durante o Verão.
Como chegar lá
A partir do Brasil é fácil, voando Copa via Panamá ou via Miami Estados Unidos, chegando em Nassau Grand Bahama pode ser alcançado tanto por via aérea como por via marítima. Poderá viajar de avião através das companhias aéreas locais e regionais que fazem voos regulares para o centro de Grand Bahama, Se optar por ir de barco, existem ferry boats que operam o trajeto e podem ser consultados localmente em Nassau.
Outras Atividades
Este local oferece uma grande variedade de atividades e locais para visitar, como por exemplo, relaxar nas praias de areia dourada, acampar, visitar os parques nacionais, observar pássaros e outras espécies endémicas, praticar golfe, andar a cavalo, jogar ténis, praticar esportes aquáticos, provar a gastronomia local e visitar a famosa marina denominada Old Bahama Bay, e curtir um fim de tarde olhando o pôr do sol no pier.